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terça-feira, outubro 28, 2003

CRÍTICAS DE FILMES

Relatório Minoritário
Realização: Steven Spielberg ;Intérpretes: Tom Cruise, Samantha Morton, Colin Farrell, Max Von Sydow, Peter Stormare;Título Original: Minority Report; Nacionalidade: EUA, 2002.



Em 2054, num futuro negro, degradado e hostil, o crime é uma presença constante e incómoda e a sua erradicação é feita da forma mais radical, agressiva e tecnologicamente avançada que é possível: a informação que se possui sobre os vindouros actos criminais pode obter-se com uma antecedência de duas semanas, num raio de 450 quilómetros. Os dados são fornecidos por Pre-Cogs, três videntes que têm a capacidade de ver assassínios antes destes ocorrerem, à unidade de polícia Pre-Crime, liderada por John Anderson (Tom Cruise), um homem emocionalmente instável (desde o desaparecimento do seu filho) que se entrega totalmente ao seu trabalho numa tentativa desesperada de fugir de si mesmo, das suas angústias interiores. O sistema policial parece infalível até ao dia em que se dá um surpreendente volt-face : Anderson é acusado de um crime que ainda não cometeu e a vítima é para este um desconhecido. Fugindo das autoridades, Anderson procura a todo o custo (nem que para tal troque literalmente de olhos em consequência da indentificação dos cidadãos ser feita por um chip inserido no globo ocular, numa das cenas mais impressionantes do filme) descobrir quem o incriminou e quais as razões existentes. A partir de uma das premissas mais interessantes e estimulantes (do ponto de vista emocional e intelectual) da história do cinema de sci-fi , Spielberg presenteia-nos um esplêndido filme a todos os níveis que vive sobretudo da descrição impiedosa e credível que Philip K. Dick (autor dos livros Do Androids Dream of Electric Sheep ? e We Can Remenber It For You Wholesale, posteriormente adaptados ao cinema no magnífico Blade Runner (1982, de Ridley Scott) e no excitante Total Recall (1990, de Paul Verhoeven)) fez de um futuro próximo onde todos os valores morais, sociais, políticos e filosóficos são questionados permanentemente; a atmosfera sombria e mística, realização suprema, fotografia sinistra e bela, elenco fabuloso (destaque para a interpretação arrebatadora e memorável da actriz inglesa Samantha Morton (escolhida no lugar de Cate Blanchett), baseada menos no diálogo e mais nas expressões faciais) e efeitos visuais revolucionários são os acréscimos imprescindíveis que tornam esta obra fílmica num mix irresístivel de acção, drama, ficção-científica e film noir típico dos anos 40 e 50. Após uma carreira no cinema marcada por inúmeros sucessos simultaneamente artísticos e comerciais (proeza raramente alcançada na história da 7ª arte), Steven Spielberg constrói um filme digno de visionamento atento, reflexão e discussão, pelos temas que aborda mas fundamentalmente pela maneira inteligente, eficaz e sedutora com que estes são manejados no filme. O leitmotiv do filme (será que os fins justificam os meios- será que uma sociedade isenta de crime justifica a eventual prisão de inocentes?), a engenhosa e elaborada realização de Spielberg e as interpretações bem conseguidas de todo elenco (desde a estrela talentosa e milionária Tom Cruise, passando pelo veterano actor sueco Max Von Sydow, o actor irlandês revelação Colin Farrell e acabando na sempre fascinante Samantha Morton) funcionam formidavelmente no seu ensemble. Concluindo, Minority Report é irrevogavelmente uma das melhores obras de Spielberg e consequentemente um dos melhores filmes do início do século XXI.



Para quem tenciona assistir a um filme de elevado valor artístico.

O Melhor: o argumento, a realização, as interpretações, a fotografia, a montagem, os efeitos visuais, sonoros e especiais...Resumindo: tudo.

O Pior: A sensação de que o argumento se torna, por vezes, algo confuso.

Classificação: ***** ; 9.35/10

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