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sexta-feira, dezembro 05, 2003

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- Retrospectiva José César Monteiro



No dia 12 de Dezembro a Atalanta Filmes/Madragoa Filmes vão dar início a uma retrospectiva integral das longas-metragens do cineasta português João César Monteiro. Durante três semanas, no Cinema King, em Lisboa, voltarão a ser exibidos os filmes: "Veredas", "Silvestre", "À Flor do Mar", "Recordações da Casa Amarela", "O Último Mergulho", "A Comédia de Deus", "Le Bassin de J.W.", "As Bodas de Deus", "Branca de Neve" e "Vai e Vem" . Esta retrospectiva será depois apresentada no resto do país.

Simultaneamente, será lançada em DVD a obra completa do cineasta. São onze DVD com as longas, curtas-metragens, alguns filmes inéditos e um conjunto de entrevistas e material que enquadram a obra de um dos maiores realizadores portugueses.


João César Monteiro nasceu numa família de classe média anticlerical e anti-salazarista em Figueira da Foz, uma estação balneária do centro de Portugal, em 1939.

"Recordações da Casa Amarela" (1989), venceu o Leão de Prata no Festival de Veneza. O filme foi o primeiro com o personagem João de Deus (nome popular do Papa João Paulo II), alter-ego interpretado pelo próprio cineasta, um ser miserável, escatológico e obcecado pelo sexo feminino. O personagem reapareceria mais tarde em Passeio com Johnny Guitar (1995), A Comédia de Deus (1995, 19ª Mostra) e As Bodas de Deus (1998, apresentado na 23ª Mostra).

Em "Branca de Neve" (2000, exibido na 24ª Mostra) , Monteiro dispensou as imagens e, com a tela toda preta, fez o filme apenas com as vozes dos atores. "Vai e Vem" , seu último filme, foi terminado poucas semanas antes de morrer de cancro, em Fevereiro.

O filme apresenta todas as obsessões do diretor: igreja, governo, políticos, executivos de cinema, americanos. Sai João de Deus e aparece João Vuvu, velho pedófilo apegado a rituais sexuais nada convencionais. Na obra, Monteiro filmou a si mesmo em estado terminal. A 27ª Mostra apresenta a Retrospectiva João César Monteiro com cópias restauradas por seu produtor, Paulo Branco.

Filmes da retrospectiva

"A Comédia de Deus" (1995)

João de Deus tem uma vida bastante comum. Sua rotina se divide entre o trabalho na sorveteria "Paraíso do Gelado" e a casa onde, nos momentos de solidão, dedica-se a colecionar pêlos pubianos femininos num álbum chamado por ele de ¿O Livro dos Pensamentos¿.

"À Flor do Mar"

Um ano depois da morte do marido, Laura Rosselini retorna a sua casa à beira-mar com os filhos e os tios. Enquanto a família faz um passeio de barca, Laura permanece sozinha e escuta no rádio a notícia do assassinato de um líder palestino. O crime aconteceu pela manhã em um pequeno hotel não muito distante dali. Na praia deserta, Laura encontra um ferido que nega qualquer relação com o fato, e decide ajudar-lhe. Enquanto isso as notícias continuam circulando em busca do assassino. Outros elementos se juntam à trama; um misterioso veleiro, um assalto por um grupo armado, explosão e fogo.

"As Bodas de Deus" (1999)

Num parque gelado, um mensageiro de Deus dá uma maleta cheia de dinheiro para o vagabundo João de Deus. Ao contar as notas, escuta um corpo se jogando nas águas do lago. É a jovem Joana se afogando. Ele a salva e a leva para um convento. Assim começam as aventuras de João de Deus.

"Branca de Neve" (2000)

Talvez o mais polêmico filme do cineasta. Ouve-se apenas as vozes dos atores interpretando o poema do escritor suíço Robert Walser, uma versão moderna de Branca de Neve: não há imagens do enredo, a tela fica escura.

"A Bacia de John Wayne" (1997)

Dois atores que atuam na peça Inferno, do dramaturgo sueco August Strindberg, como Deus e Lúcifer, acabam competindo na vida real também.

"O Último Mergulho" (1992)

É noite e a avenida junto ao rio está deserta. O adolescente Samuel contempla o Tejo que corre aos seus pés e planeja o suicídio. O senhor Eloi, um velho marinheiro, aproxima-se para tentar saber as suas intenções. Samuel convida-o a acompanhá-lo no seu último mergulho no rio. Eloi o impede de se atirar à água e convida-o a dar uma volta pela cidade.

"Passeio com Johnny Guitar" (1995)

João de Deus volta para casa, não se sabe de onde. Ele tem uma ferida na cabeça. Na cidade que amanhece, dizem que o senhor Monteiro, alter-ego de João de Deus, passeia de tempos em tempos com Nicholas Ray, o diretor do filme.

"Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço" (1971)

O segundo filme de César Monteiro é sobre o cinema: jovens e inexperientes atores e a sua relação com a câmera. Fala sobre as aventuras e desventuras de um grupo de jovens intelectuais de Lisboa e das atribulações de dois amigos que, em desespero, começam a mendigar de porta em porta e acabam ganhando um pacote que tinha dentro um par de sapatos de um morto.

"Recordações da Casa Amarela" (1989)

Primeiro filme em que aparece o personagem João de Deus. Um pobre-diabo de meia-idade vive no quarto de uma pensão barata na zona velha e ribeirinha da cidade. Atormentado pela doença e por várias vicissitudes, o idiota, que se alimenta de Schubert e de uma vaga cinefilia como forma de resistência à miséria, é posto no olho da rua após tentativa sexual frustrada com a filha da dona da pensão.

"Silvestre" (1981)

A história do filme é tirada de dois romances portugueses tradicionais: A Donzela Que Vai À Guerra, de origem judaica peninsular, e A Mão do Finado, transmitida por tradição oral e que faz parte do ciclo do Barba Azul.

"Vai e Vem" (2002)

Finalizado pouco antes da morte do diretor, Vai e Vem mostra o cotidiano de João Vuvu, um viúvo que vive sozinho e tem como único familiar o filho que está preso por múltiplos crimes. Sua rotina se baseia nas viagens que faz na linha do ônibus 100, em Lisboa.

(Fonte: Site cinema.terra.com.br e 7arte.net)

Cumprimentos cinéfilos,
Tiago Teixeira.

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