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terça-feira, outubro 28, 2003

CRÍTICAS DE FILMES

Exterminador Implacável 3: Ascensão das Máquinas
Realização: Jonathan Mostow; Intérpretes: Arnold Schwarzenegger, Nick Stahl, Kristianna Loker, Claire Danes, David Andrews ;Título Original: Terminator 3: Rise of the Machines; Nacionalidade: EUA, 2002.



Nascido na mente de James Cameron, "Exterminador Implacávelvel" suscitou no público e crítica desde a primeira aparição sentimentos de fascínio e admiração. O primeiro filme (The Terminator - 1984), feito com poucos recursos financeiros, conjugava de forma mágica os géneros de acção e ficção-científica, tendo como fundo o bombástico eclodir de uma futura guerra mundial entre as máquinas e os humanos (que sobreviveram ao massivo ataque nuclear a nível global iniciado e planeado pela rede controladora Skynet) e a luta travada no presente entre Sarah Connor ( e Kyle Reese ) contra o organismo cibernético enviado para a eliminar (e como tal o seu bebé, John Connor, líder da resistência humana no futuro). O segundo filme (Terminator 2 : Judgment Day - 1991), o mais caro de sempre até à data, retomou muitíssimo eficazmente a narrativa do seu antecessor, abordando diferentemente o conflito bélico máquina versus homem - o clima lúgubre e taciturno de série B do filme original dá lugar a cenas de acção impensáveis até então (pelas suas proezas técnicas (ex.: morphing) o filme arrecadou 4 Oscar) , ao mesmo tempo que as emoções humanas adquirem maior relevo no argumento. Após 12 anos surge no cinema o terceiro filme, sem a actriz Linda Hamilton nem o realizador, argumentista e mentor James Cameron (substituído pelo realizador Jonathan Mostow ("Submarino U-571")).T3 tem, inevitavelmente e sem surpresas para todos, como principal goal render uma quantia exorbitante de dinheiro no box-office em todo o mundo (embora tenha ultrapassado a fasquia dos 150 milhões de dólares desde a sua estreia nos E.U.A, as receitas ficaram aquém do previsto). Neste filme, John Connor (Stahl) tem 25 anos e para garantir a sua segurança (e dos outros) vive à margem da sociedade, em pleno anonimato - não tem n.º telefone ou telemóvel, não tem casa, não tem B.I, não tem cartões de crédito, etc. Apesar de todas as precauções ele e a veterinária Kate Brewsler (que será no futuro próximo a mulher de Connor e um membro importante da resistência) (Danes) estão em perigo pois a exterminadora T-X (Loker), hiper desenvolvida tecnologicamente , foi enviada pelas máquinas com o objectivo de os eliminar; embora faltem apenas três horas para o julgamento final ( isto é, o fim do mundo) os dois jovens têm ainda uma réstia de esperança, pois uma réplica do exterminador T-800 (Schwarzenegger) foi enviada para os proteger. Ao contrário do que diz a maior parte dos detractores o filme resulta bem ao que se propõe (destaca-se a excitante primeira meia-hora, que nos transmite um feeling semelhante ao sentido enquanto visionamos os dois primeiros filmes) : as cenas de acção deixam-nos boquiabertos (pela quantidade e qualidade) e o elenco representa razoavelmente bem as personagens (com excepção à desastrosa actriz novata Kristianna Loker, escolhida entre 10 mil candidatas, que interpreta (desprovida de qualquer tipo de talento) a exterminadora T-X), salientando-se a óptima prestação de Nick Stahl ("Vidas Privadas") e ainda de Arnold Schwarzenegger que apesar de envelhecido continua insubstituível como o perfeito terminator. Para desilusão de muitos cinéfilos que aguardavam com desesperada expectativa o regresso da personagem vestida de óculos escuros e casaco preto de cabedal, portadora de armas poderosíssimas e uma elegante Harley-Davinson, que celebrizou as frases Hasta la vista, baby! ou I´ll be back! (elementos que transformaram a máquina assassina um ícone cinematográfico contemporâneo) o cerne de todos os problemas é precisamente um dos alicerces mais importantes para qualquer obra fílmica : o argumento. Escrito de maneira a afastar-se do espírito presente nos filmes de Cameron, o argumento revela-se várias vezes incapaz de desenvolver um história apelativa e estimulante optando por uma autêntica e chocante colagem excessiva de chichés, denotando uma trágica e monumental falta de ideias, criatividade e imaginação; à semelhança do segundo filme, T3 intercala frequentemente momentos de comédia com acção palpitante- mas enquanto no segundo esta técnica surtia os efeitos desejados, neste filme o intercâmbio entre os dois momentos é usado abusiva e repetitivamente tornando num ápice o filme aborrecido e desinteressante. Em resumo, T3 é um filme que cumpre os seus objectivos (enquanto filme de acção, entretém massas e lucra descomedidamente nas bilheteiras) mas que graças a um argumento estagnado em ideias preexistentes e em oposição à introdução de novos estilos (e quando existem não são bem sucedidos- ex.: inclusão da exterminadora T-X) não consegue nem sequer aproximar-se do nível dos que lhe antecedem.




Para aqueles que pretendem uma sessão de entretenimento garantido (e nada mais).

O Melhor: As bem concebidas e concretizadas cenas de acção e os primeiros 30 minutos.
O Pior: Argumento sem ideias revolucionárias e uso abusivo de clichés enfadonhos.

Classificação: ***1/2; 5.7/10

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